Ministro Flávio Dino Critica Relatório da Transparência Internacional e Comenta Operação contra Família Bolsonaro em seu Último Dia no Ministério da Justiça

O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, criticou veementemente nesta quarta-feira (31) o relatório divulgado pela Organização Não-Governamental (ONG) Transparência Internacional, que apontou uma queda de 10 posições no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) do Brasil. Em suas declarações, feitas no último dia de sua gestão no ministério, Dino refutou as alegações da ONG e afirmou que o país deixou para trás a "política de espetacularização do combate à corrupção."

"Ontem, com espanto, eu vi um atípico e anômalo relatório dizendo que a corrupção no Brasil tinha aumentado, com afirmações bastante exóticas. O que mudou é que nós pusemos fim à política de espetacularização do combate à corrupção, que é uma forma de corrupção. Quem usa corrupção como forma de combate à corrupção, como bandeira política, é tão corrupto quanto o corrupto," declarou Dino.

O Brasil agora ocupa a 104ª posição entre 180 países e territórios no IPC, de acordo com o relatório. A Transparência Internacional atribui essa queda à desmontagem de marcos legais e institucionais anticorrupção promovida pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Dino, que assume em 22 de fevereiro uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), também comentou sobre a recente operação da Polícia Federal contra a família Bolsonaro, que investiga o suposto uso indevido da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O ministro assegurou que não há base para acusações de uso político da Polícia Federal, destacando que "a Polícia Federal não inventa investigação, as investigações nascem de indícios."

“Afirmo cabalmente que nesses 13 meses o presidente não me pediu nada, nada. Nem pra investigar, nem pra deixar de investigar. Nenhum ministro de Estado se dirigiu a mim para pedir qualquer coisa,” afirmou o ministro.

Em uma cerimônia no Palácio do Planalto, Dino apresentou dados sobre a atuação da Justiça no combate à criminalidade, destacando que a Polícia Federal realizou 227 operações de combate à corrupção em 2023, resultando na recuperação de R$ 897 milhões.

Mais cedo, o ministro do STF Gilmar Mendes também comentou o relatório da Transparência Internacional, pedindo cautela ao interpretar os resultados. Ele replicou um post do ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Marcos de Carvalho, que apontou problemas no índice anticorrupção.